O Fenômeno Literário que Desencadeou a Guerra de Estúdios

Em um movimento estratégico que agitou Hollywood, a Walt Disney Studios confirmou a aquisição dos direitos de adaptação da aclamada saga literária “Criaturas Impossíveis” (Impossible Creatures), da autora britânica Katherine Rundell. O acordo não se resume apenas à produção de filmes; ele abrange a totalidade dos direitos intelectuais da franquia, incluindo merchandising e, crucialmente, o desenvolvimento em parques temáticos.
A aquisição, fechada em um valor milionário de sete dígitos, coloca Criaturas Impossíveis no centro do plano de longo prazo da Disney para dominar o gênero fantasia, posicionando-a abertamente como a sucessora espiritual e comercial de Harry Potter.
A saga, que começou com o primeiro livro homônimo lançado em 2023, rapidamente se tornou um fenômeno editorial. Katherine Rundell alcançou um feito inédito desde J.K. Rowling: ser a primeira autora infantil britânica a liderar simultaneamente as listas de mais vendidos nos Estados Unidos e no Reino Unido. Com mais de 4 milhões de cópias vendidas em poucos anos, o apelo era inegável.
A disputa pelos direitos foi acirrada, com a Disney superando gigantes como a Warner Bros. Discovery (detentora de Harry Potter) e a Netflix. O próprio CEO da Walt Disney Company, Bob Iger, acompanhou de perto o processo, declarando publicamente que “Quando li Criaturas Impossíveis, soube que o lugar dessa história era aqui na Disney.”
A Trama e o Mundo de Gilmouria
A história de Criaturas Impossíveis mergulha no universo de Gilmouria, um mundo secreto e ancestral onde todas as criaturas míticas residem: de grifos e dragões a unicórnios e sereias.
A trama principal acompanha Christopher Forrester, um garoto que, ao passar uma temporada com seu avô no campo, descobre um portal para Gilmouria. Lá, ele se une a Mal Arvorian, uma jovem corajosa que vive entre essas criaturas fantásticas. Juntos, eles embarcam em uma jornada para desvendar um mistério preocupante: a magia está desaparecendo de Gilmouria, ameaçando a sobrevivência de todas as espécies míticas e, consequentemente, o equilíbrio do mundo humano.
A crítica elogia o tom da narrativa, que equilibra aventura, coragem e uma melancolia que remete a clássicos como O Hobbit e As Crônicas de Nárnia.
A Ambição Disney: Criando o “Novo Harry Potter” nos Parques
A comparação com Harry Potter não é feita de forma leviana. Ela se baseia na escala da aquisição e no potencial de “universo expandido” que a franquia oferece, especialmente em um aspecto onde a Disney é mestra: a imersão nos parques temáticos.
A Warner Bros., embora tenha perdido os direitos cinematográficos, estabeleceu um padrão inatingível nos parques da Universal (como o Wizarding World of Harry Potter). Ao adquirir Criaturas Impossíveis, a Disney mira em replicar esse sucesso e construir a sua própria “terra mágica” imersiva.
Potencial para o Parque: O mundo de Gilmouria, com seu vasto arquipélago mágico, criaturas únicas e paisagens ricas, é a tela perfeita para a engenharia de atração da Disney. É fácil imaginar hóspedes “viajando” por portais, montando grifos em simuladores de última geração ou interagindo com dragões em ambientes detalhados em Disney’s Hollywood Studios ou Epcot.
A estratégia é clara: criar filmes blockbuster que sirvam como introdução global ao universo e, em seguida, solidificar a marca com atrações físicas que se tornem destinos de peregrinação para os fãs.
O acordo inclui a colaboração direta da autora, Katherine Rundell, que atuará nos roteiros das duas primeiras adaptações cinematográficas, garantindo a fidelidade ao material original. Essa parceria inédita demonstra o quanto a Disney está empenhada em proteger a integridade criativa de sua nova e mais valiosa aposta de fantasia.
Criaturas Impossíveis não é apenas uma nova saga de filmes; é a fundação de um novo pilar de entretenimento da Disney, que promete dominar as telas de cinema e os horizontes dos parques temáticos globais na próxima década. A jornada por Gilmouria está prestes a começar, e a mágica promete ser grandiosa.