Curiosidades, o enredo, as origens e a cronologia
Desde o seu surgimento em 1979, a franquia Alien se estabeleceu como um dos pilares do terror e da ficção científica. O universo, centrado na criatura letal conhecida como Xenomorfo, se expandiu por décadas, com filmes, videogames e quadrinhos que aprofundam sua mitologia. Para novos e antigos fãs, navegar pela complexa linha do tempo, entender as inspirações por trás das obras e descobrir curiosidades de produção pode ser um desafio. Este guia completo busca desvendar a saga que aterrorizou gerações, examinando seu enredo, sua ordem cronológica, suas influências e os segredos de bastidores.
A saga de Ripley e a busca pela criatura
A trama central da franquia é a luta da humanidade contra o Xenomorfo, impulsionada pela ganância da Corporação Weyland-Yutani. No primeiro filme, a tripulação da nave Nostromo é eliminada uma a uma pelo Xenomorfo. Somente a sub-oficial Ellen Ripley sobrevive. Em Aliens, ela retorna ao planeta infestado por uma colônia de Xenomorfos e salva uma garota, agindo como uma figura materna. Sua jornada trágica continua em Alien 3, onde ela se sacrifica para impedir que a criatura se espalhe. A saga de Ripley se encerra, mas a busca pelo Xenomorfo continua em Alien: A Ressurreição, um filme que explora temas de clonagem e humanidade.
A franquia foi expandida com os filmes Prometheus e Alien: Covenant, que buscam uma origem mais profunda para o Xenomorfo. Os filmes revelam que a criatura é, na verdade, resultado de experimentos biológicos dos Engenheiros, uma raça de seres que criou a vida humana. O androide David, um dos personagens centrais das prequels, se torna o elo entre a raça dos Xenomorfos e a humanidade.
A mente por trás da criatura: A biomecânica de H.R. Giger
Antes de se tornar um monstro de cinema, o Xenomorfo já existia na mente e nas telas de Giger. O diretor Ridley Scott descobriu a arte do suíço em seu livro, Necronomicon IV, e ficou instantaneamente fascinado com a criatura de cabeça alongada e a fusão de elementos orgânicos com industriais. A filosofia artística de Giger era a biomecânica, que fundia carne, osso e fluidos corporais com metal, máquinas e tubos. O Xenomorfo é a manifestação perfeita dessa visão, um ser que é, simultaneamente, um predador natural e uma máquina de matar.
A colaboração de Scott com Giger foi crucial. O artista foi responsável não apenas pelo design da criatura, mas também pela nave abandonada, a Derelict, e pela figura do misterioso “Space Jockey”. Giger queria que o Xenomorfo fosse o oposto dos monstros de ficção científica da época: não era um alienígena peludo ou com olhos grandes, mas uma criatura que parecia ter vindo de um pesadelo e que desafiava a biologia e a razão.
Pra não se perder:
As Raízes Sexuais e a Simbologia Perturbadora
O elemento que mais chocou e fascinou a audiência foi a profunda e perturbadora simbologia sexual embutida no design e no ciclo de vida do Xenomorfo. Giger era conhecido por explorar temas de sexo, nascimento e morte de forma sombria e visceral em sua arte, e o Xenomorfo é a culminação disso.
O Xenomorfo Adulto: A forma adulta do Xenomorfo é, em si, uma fusão de simbologias sexuais. A cabeça é marcadamente fálica, enquanto sua mandíbula interna (a “inner jaw”) que se projeta em um movimento rápido lembra um ato de penetração violenta. A criatura combina elementos de ambos os sexos de forma predatória, sendo uma máquina de matar sem moralidade, cuja única função é a propagação por meio da aniquilação.
O Facehugger (Abraçador de Rostos): A primeira fase da criatura é uma alegoria visceral e aterrorizante de impregnação forçada. O Facehugger, com seu design que se assemelha a uma mão com dedos longos, se agarra ao rosto da vítima, inserindo um tubo pela garganta para depositar um embrião. Esse ato de violação biológica é uma paródia horrorosa da fertilização.
O Chestburster (Estourador de Peito): A cena mais famosa do filme original é uma chocante subversão do nascimento. Em vez de vir ao mundo de forma natural, a criatura irrompe violentamente do peito da vítima, em um evento de dor e destruição. É uma representação grotesca do parto e da vulnerabilidade do corpo humano, transformando o que é um ato de criação em um ato de puro terror e morte.
Outras Inspirações e a Relevância Duradoura
Além do simbolismo sexual, Giger e Ridley Scott buscaram inspiração em outras fontes para dar vida ao Xenomorfo. A criatura evoca o horror cósmico de H.P. Lovecraft, que trata do medo do desconhecido e de entidades de poder incomensurável, cuja existência é incompreensível para a mente humana. O Xenomorfo é o terror lovecraftiano personificado: uma força antiga, perfeita e desumana que opera por uma lógica que não podemos entender.
A perfeição da criatura, com sua saliva ácida, sua carapaça quase impenetrável e seu instinto de matança, é uma paródia da própria natureza, uma que transformou a evolução em uma máquina de aniquilação. O legado do Xenomorfo é que ele não é apenas um monstro para sustos, mas uma obra de arte que explora os medos mais profundos da humanidade sobre a violência, a violação e a nossa própria fragilidade biológica.
Curiosidades:
- A cena do “chestburster”: A icônica cena em que o filhote do Xenomorfo explode do peito de um tripulante foi uma surpresa para a maioria do elenco. Ridley Scott não avisou os atores sobre os detalhes do efeito para obter reações de choque genuínas. A atriz Veronica Cartwright desmaiou e o ator John Hurt teve que usar um tronco artificial.
- O monstro oculto: Em Alien, a criatura foi propositalmente mostrada de forma limitada para aumentar a tensão. O Xenomorfo real só aparece na tela por cerca de quatro minutos.
- A saga de Sigourney Weaver: O sucesso de Aliens transformou Sigourney Weaver em uma superestrela e a atriz recebeu um salário milionário para Alien 3, um dos maiores da época.
- O diretor que se foi: David Fincher (diretor de Se7en e Clube da Luta) se desentendeu com os estúdios durante a produção de Alien 3 e chegou a desconsiderar o filme em sua filmografia por anos.
- Os atores por trás dos trajes: O ator nigeriano Bolaji Badejo (2,18 m de altura) foi o responsável por interpretar o Xenomorfo em Alien, e o ator holandês Jean-Claude Van Damme foi escalado para atuar em cenas do filme, mas acabou sendo dispensado da produção.
Pega a pipoca e se prepara para assistir Alien (Na ordem cronológica)
A Ordem Cronológica do Universo Alien
A ordem de lançamento dos filmes difere bastante da cronologia dos eventos, especialmente com a adição das prequels. Para entender a história em sua sequência narrativa, a ordem correta é:
- Prometheus (2012): O início da história. A trama segue uma equipe de cientistas que busca as origens da humanidade, encontrando em um planeta distante a civilização de seres conhecidos como “Engenheiros”, os criadores da criatura.
- Alien: Covenant (2017): Continua a busca da tripulação anterior, revelando a origem e a evolução da criatura.
- Alien: O Oitavo Passageiro (1979): A história principal da tenente Ellen Ripley e sua tripulação, que encontram um sinal de socorro no planeta LV-426 e acabam com um Xenomorfo a bordo.
- Alien: Romulus (2025): Situado entre o primeiro e o segundo filme da saga principal. Ele conta uma nova história de um grupo de jovens que encontram uma criatura em uma estação espacial abandonada, retomando o terror claustrofóbico do original.
- Aliens: O Resgate (1986): O retorno de Ripley, 57 anos depois, para o planeta LV-426, agora com uma equipe de fuzileiros navais. O filme introduz a Rainha Alien e transforma a franquia em um suspense de guerra.
- Alien 3 (1992): Ripley cai em um planeta-prisão de segurança máxima, com um Xenomorfo em seu encalço.
- Alien: A Ressurreição (1997): Duzentos anos depois, uma versão clonada de Ripley é trazida de volta à vida para aterrorizar uma nova tripulação de piratas espaciais.