Desvendando a história e o Mundo de Fallout
O universo de Fallout é um dos mais fascinantes e complexos da ficção científica pós-apocalíptica. Longe de ser apenas uma história de sobrevivência em um deserto radioativo, a franquia, que começou nos videogames e agora ganha vida em uma aclamada série de TV, constrói um mundo com uma estética única, uma história alternativa rica e um humor negro afiado. Para entender o charme e o terror desse universo, é preciso mergulhar em sua história, desde a sociedade otimista do passado até as facções que lutam pelo controle de um futuro devastado.
A singularidade de Fallout reside em seu estilo retrofuturista. O mundo, que se desviou de nossa linha do tempo após a Segunda Guerra Mundial, permaneceu estagnado culturalmente nos anos 50, com um otimismo nuclear ingênuo, enquanto a tecnologia avançava de forma estranha e perigosa. O design de carros, robôs, computadores e até mesmo dos abrigos subterrâneos reflete essa mistura bizarra de inocência cultural e progresso tecnológico desenfreado.
Pra não se perder:
O mundo antes da queda e a grande guerra
No universo de Fallout, os Estados Unidos e o resto do mundo mergulharam em um conflito global devido à escassez de recursos. A tecnologia nuclear, que em nossa linha do tempo se tornou um tabu, era a fonte de energia de tudo, de carros voadores a rádios portáteis. As tensões escalaram até o ponto de ruptura. O fim do mundo, conhecido como A Grande Guerra, durou apenas duas horas, em 23 de outubro de 2077. Uma troca massiva de mísseis nucleares entre as superpotências dizimou a civilização, transformando a superfície da Terra em um vasto e perigoso “Ermo” (Wasteland) radioativo.
No entanto, nem todos pereceram. O governo, em parceria com a misteriosa Vault-Tec Corporation, construiu uma rede de abrigos subterrâneos chamados Vaults (Cofres). À primeira vista, pareciam ser a salvação da humanidade. A verdade, no entanto, era muito mais sombria. Os Vaults não foram construídos para proteger toda a população, mas sim como um experimento social em larga escala, com cada um projetado para testar diferentes cenários psicossociais.
Alguns Vaults abrigavam apenas uma pessoa, outros tinham câmaras de criogênia que falhariam, e outros ainda eram habitados por comunidades que seriam expostas a riscos extremos. Essas criptas de experimentos se tornaram o cerne de grande parte da mitologia do universo.
Vida no Ermo: feras e as novas sociedades
Duzentos anos após o apocalipse, o Ermo é um lugar de caos, perigo e novas formas de vida. A radiação transformou o ecossistema e os próprios humanos. As criaturas mais emblemáticas são os Ghouls, humanos que foram deformados pela radiação e que, em sua maioria, perderam a sanidade, tornando-se mortos-vivos raivosos. Uma minoria, no entanto, manteve sua inteligência e vive como uma minoria marginalizada, mas imortal.
Outros mutantes incluem os Super Mutantes, humanos expostos ao vírus FEV, que se tornaram grandes, fortes e com baixa inteligência, e criaturas geneticamente modificadas como os aterrorizantes Deathclaws.
No meio dessa anarquia, novas facções e sociedades surgiram das cinzas:
A Irmandade do Aço (Brotherhood of Steel): Uma ordem paramilitar e tecnocrata, obcecada em recuperar e proteger a tecnologia pré-guerra. Eles se veem como guardiões do conhecimento e da tecnologia humana, mas são temidos por sua abordagem inflexível e dogmática.
A República da Nova Califórnia (NCR): Um governo em ascensão, fundado em princípios democráticos pré-guerra. Eles tentam reconstruir a civilização, com exércitos organizados e um sistema de leis, mas muitas vezes são criticados por sua burocracia e corrupção.
A Legião de Caesar: Um império militarista e brutal, liderado por um tirano que se inspira no Império Romano. Eles escravizam, subjugam e buscam impor a ordem através da força, representando uma das maiores ameaças à liberdade no Ermo.
O Enclave: Os verdadeiros vilões de muitos jogos. O Enclave é a sombra do governo pré-guerra, uma elite remanescente que se considera a única “humanidade pura”. Eles buscam “purificar” a Terra de todos os mutantes e não-conformistas.
A mensagem por trás da explosão
Apesar de toda a ação e do visual grotesco, o universo de Fallout é, em seu coração, uma sátira mordaz. O estilo retrofuturista não é apenas por estética; é um comentário sobre o otimismo cego da Guerra Fria e a crença de que a tecnologia resolveria todos os problemas, mesmo os criados por ela mesma. A música alegre e os anúncios de produtos de antes da guerra, tocados em rádios de lata, criam um contraste chocante com a devastação ao redor, sublinhando a futilidade da ambição humana e do consumismo.
A série é um lembrete sombrio de que, no fim das contas, a natureza humana, com sua ganância e sua sede por poder, é a verdadeira causa de todo o caos, muito mais perigosa do que qualquer bomba nuclear.
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